Na passada sexta-feira celebraram-se os 20 anos do movimento «Massa Crítica» (MC) em Lisboa, com a habitual concentração no Marquês de Pombal, que juntou cerca de uma centena e meia de defensores da mobilidade suave, maioritariamente cidadãos em bicicleta, mas também em monociclos, trotinetes e skates.
O percurso, decidido no momento como resulta da essência das MC, começou com as tradicionais 3 voltas à rotunda do Marquês, seguiu pela António Augusto de Aguiar, com o intuito de passar na Av. de Berna (onde o atual executivo autárquico está a proceder à remoção de parte da ciclovia), Campo Pequeno, Saldanha, Av. da Liberdade, Praça do Comércio, tendo terminado com uma concentração na Praça do Município, onde as palavras de ordem que se fizeram ouvir apelaram a uma cidade mais sustentável, justa e segura para todos.

De seguida a Cicloficina dos Anjos abriu as portas da Assembleia da Bicicleta, em S. Bento, aos participantes da MC, para um momento de confraternização, que durou até perto da 1 da manhã, com comidas, bebidas, música e muito boa disposição.

A Massa Crítica, como um movimento informal de contestação às opções de mobilidade das cidades, a lutar pela implantação de medidas que promovam a mobilidade suave, surgiu em S. Francisco nos anos 90, assente numa base igualitária e com sustentação no princípio da «ação direta». Este movimento foi importado para Portugal há duas décadas, começando a realizar-se espontaneamente todas as últimas sextas-feiras do mês, com início na rotunda do Marquês em Lisboa, iniciativa esta que se foi propagando para outras cidades do país. A Massa Crítica foi incubadora de uma serie de outros movimentos e coletivos urbanos, tais como a Cicloficina dos Anjos, a MUBi e a Bicicultura, tendo sido um ponto de encontro de ativistas, simpatizantes e meros curiosos durante duas décadas. Com os seus altos e baixos, com mais ou menos adesão, nunca deixou de se realizar e é um marco no ativismo pela mobilidade suave em Portugal.
Este ano comemora-se os 20 anos deste movimento em Portugal, que ocorre perante um cenário de estagnação nas políticas de mobilidade e face a um atraso estrutural das nossas cidades, em comparação com as suas congéneres europeias.

Não te esqueças, as MC acontecem todas as ultimas sextas-feiras de cada mês, inorganicamente e sem qualquer convocação prévia. O ponto de encontro é no Marquês, pelas 18:00, e mesmo que sejamos poucos, há sempre espaço para uns dedos de conversa e uma pequena volta pela cidade.
Aparece!
JC